terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Eleições diretas no Egito: votam Estados Unidos e Israel


A conversa fiada que se tem ouvido muito nos últimos dias é a de que os Estados Unidos, tanto pela voz de Barack Obama como de Hillary Clinton ou de seus assessores "aconselham" uma transição pacífica e democrática para o Egito neste momento de intensos protestos. Com essa declaração que não deixa nada claro pra ninguém, Estados Unidos pensa que está satisfazendo aqueles (Israel...) que dele esperam alguma coisa. No mundo árabe, cabe registrar, só conseguiram mais inimigos!

Assim como já falamos aqui sobre as corriqueiras interferências norte americanas sobre os países do Oriente Médio, talvez o Egito seja, espera-se que com a revolução não mais, o país mais amistoso e hospitaleiro por recepcionar as estratégias e manobras do governo americano, satisfazendo suas necessidades econômicas e políticas e ao mesmo tempo estratégicas para o regime sionista de Israel.

As referidas "interferências" deixaram de ser ocultas e estão mais do que nunca explícitas para quem quiser ver e ouvir. Mesmo não sendo uma novidade, tudo isso provocou aborrecimento aos egípcios, já que, Barack Obama, apesar de falar diariamente sobre a situação do Egito, inclusive mais que o próprio Hosni Mubarak, não é Presidente do Egito e por isso não faz sentido algum enviar correspondentes, ou diplomatas, ou quem quer que seja para participar ou interferir das negociações políticas com os manifestantes e oposicionistas do atual Governo egípcio.

Bem, Estados Unidos já deixou claro que não está preocupado com a situação da população egípcia e muito menos com a segurança dos manifestantes contrários ao Governo, mas com o desenrolar dessa história. Na intenção de preservar os acordos (Camp David) feitos com Egito e que ao mesmo tempo satisfazem Israel, Estados Unidos tratou logo de colocar a mão na massa.

Aproveitando o momento, essa semana foi publicado pelo Wikileaks um novo documento da Embaixada dos Estados Unidos em Tel Aviv, datada de 29 de agosto de 2008, afirmando que Israel "está mais confortável com a perspectiva de Suleiman", já que este já havia feito diversas visitas oficiais ao país e teria atuado como mediador do conflito com os palestinos. O documento diz ainda que um dos conselheiros de Barack Obama, David Hacham, teria afirmado que a delegação israelense estava chocada com a "aparência idosa de Mubarak e com sua voz cansada". "Hacham notou que os israelenses acreditam que Suleiman deve servir ao menos como presidente interino caso Mubarak morra ou fique incapacitado".

Daí eu pergunto: O Egito não é uma República Democrática cujo Presidente é eleito pelo seu povo por voto direto? Então porque é que Estados Unidos e Israel trocam figurinhas sobre as suas preferências e expectativas políticas no Egito?

Resumo: Omar Suleiman "surpreendentemente"  foi nomeado vice-presidente e como é certo que Hosni Mubarak deixe o poder, seu vice corre o risco de ocupar a vaga presidencial. O que eles não contam é com o furor e a determinação dos manifestantes que agora gritam: NO MUBARAK, NO SULEIMAN!

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Daniele El Seoudi.

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