quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mubarak disse que fica e solta os cachorros

Contrariando os ativistas que pedem pela sua saída, Hosni Mubarak diz que fica no poder até as próximas eleições (em setembro) quando irá definitivamente deixar a presidência. Usando de argumentos emocionais o ditador conseguiu dobrar algumas pessoas que se sentiram satisfeitas com sua declaração e promessas.

O que os melancólicos não sabiam é que o ditador conhece mais do que ninguém o povo egípcio, afinal de contas são 30 anos no poder. Numa estratégia armada, o dito cujo conseguiu gerar um conflito entre os manifestantes pró e contra fazendo com que se enfrentassem.

No dia hoje milhares de pessoas a favor de seu governo se dirigiram contra os ativistas que protestavam na Praça Tahrir. Invadiram a Praça Tahrir e atacaram os manifestantes que ali se encontraram. Foram incentivados por policiais a paisanos e partidários corruptos, os quais encorajavam cada vez mais os civis inocentes a atacar os manifestantes opositores também inocentes.

Situações curiosas aconteceram como, por exemplo, a posição do exército. Na verdade desde o início a posição do exército é duvidosa. Hoje o comandante do exercito pediu pelo fim dos protestos alegando que as solicitações foram atendidas e que não há mais nada a ser feito. Só não entendi quando ele disse "ATENDIDAS". O povo quer a saída de Mubarak e não a sua promessa de saída. Como é que antes o comandante do exército disse que os protestos eram legítimos e agora resolve dizer que acabou? O protesto é do povo ou do exército? O protesto não deixa de ser legítimo só porque o Presidente fez uma declaração que agradou meia dúzia de pessoas.

Outro acontecimento curioso é o fato do exército não interferir nas violentas manifestações realizadas pelos civis na Praça Tahrir. Não impediu, por exemplo, que os manifestantes a favor de Mubarak invadissem a Praça e começasse a atacar. Esses manifestantes usavam CAVALOS, CAMELOS!!!! Quando é que os ativistas contrários ao Governo, em qualquer momento durante todos esses nove dias, agiram de forma violenta como fizeram os manifestantes pró-Mubarak? Por sorte os ativistas contra o Governo conseguiram prender alguns manifestantes pró-Mubarak e puderam provar que se tratavam de policiais à paisana, sabotadores, infiltrados com a intenção de promover a desordem.

A pretensão de Mubarak é desestruturar os manifestantes contrários ao seu Governo, é mudar o foco da atenção internacional. Deixa-se de olhar os protestos contra o ditador para olhar os violentos confrontos entre manifestantes pró e contra. Lamentável que isso ocorra, já que são vidas que estão em jogo. Mas o ditador corrupto não está preocupado com pessoas, e coitadas daquelas que acreditaram em sua alto remissão. Tudo não passa de estratégia política para driblar a intenção do povo em derrubá-lo do poder.

E quem diria, Barack Obama fazendo uma declaração por 5 minutos sobre a crise do Egito, logo após a declaração de Mubarak. Em sua declaração “sugere” que as mudanças, mencionadas por Mubarak, ocorram agora. Hosni Mubarak por sua vez, em nota divulgada hoje, afirmou que repudia pressões internacionais a respeito das mudanças que pretende fazer. A pergunta, da qual já tenho a resposta, mas que reluto em fazer é: o que é que Estados Unidos tem haver com isso? como pode haver tanta interferência assim?

Enfim, pressionado pelos Estados Unidos e por diversos outros países árabes, não se esquecendo obviamente de Israel (que a propósito, está rezando para o fim dos protestos), Hosni Mubarak tenta não cair da corda que está pra lá de bamba. Alguém pode, por favor, cortar essa corda?


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Daniele El Seoudi.

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