sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O caso Sakineh Mohammadi Ashtiani: Apedrejamento no Irã, impunidade no Brasil – Um prato cheio aos EUA/Israel

Em meio à ameaça de uma guerra, o Irã está sendo colocado em mais uma situação bastante polêmica. Diariamente a mídia tem apresentado o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento. Segundo o governo iraniano, Sakineh Mohammadi está sendo condenada por adultério e por participar de um homicídio. O apedrejamento, apesar de ter sido mencionado como condenção, ainda não foi confirmado pelo governo.

Obviamente que não concordo, de forma alguma, com este tipo de condenação, muito menos pelo motivo de adultério. Creio haver maneiras mais humanas de se condenar um criminoso, ou fazer com que uma pessoa pague pelos seus delitos. No entanto, o Irã possui leis próprias, cabendo a ele, exclusivamente, defini-las. Creio sim que isso seja uma questão de Direitos Humanos, mas que cabe ao Irã ponderar e procurar a reforma de seu processo penal.

Não devemos esquecer, entretanto, que diversos países possuem pena de morte para crimes comuns, como a Coréia do Norte, Coréia do Sul, Kuwait, Índia, Japão, Estados Unidos (inclusive), entre outros. Veja a lista completa aqui.

Ocorre que a mídia internacional, se mostrando convenientemente chocada com tal situação, vem minando a opinião pública contra o Irã. Estão aproveitando o caso de Sakineh Mohammadi para obter mais uma justificativa para o possível ataque ao país. Com mais essa desculpa, provavelmente Estados Unidos, Israel e ONU, unidos, aleguem a busca por instaurar a justiça no país e a prevalência dos Direitos Humanos. Alguém precisa dizer a eles que é preciso fazer a tarefa de casa primeiro!

Quanto ao Brasil, penso que deveriam olhar para o próprio umbigo. No nosso país, um estudo realizado pelo Instituto Zangari aponta que cerca de 10 mulheres são mortas por dia. Nesta estimativa, aproximadamente 3.650 mulheres são mortas por ano. Na grande maioria das vezes, essas mulheres são mortas sem motivo aparente. Sofrem violência doméstica e são assassinadas pelos próprios companheiros.

A reflexão que deixo é: Não é de hoje que Irã condena à morte pessoas que tenham cometido crimes. Além disso, Irã não é o único país a utilizar-se deste mecanismo de condenação. O caso de Sakineh Mohammadi é apenas mais um. Porque HOJE a notícia tem merecido maior destaque?

2 comentários:

  1. E essa discussão tem uma conotação moralista sobre qual a melhor forma de se matar alguem. A histeria da mídia se concentra no aspecto "apedrejamento", como se para o condenado houvesse uma morte "melhor". A moral hipócrita ocidental está dizendo que matar numa cadeira elétrica ou numa câmara de gás é melhor do que matar por apedrejamento. Porque então não perguntam ao condenado como ele prefere morrer? apresentem a ele as várias opções possíveis...e ele poderá livremente escolher como prefere morrer. Hipocrisia!

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  2. Quem quiser que se faça de desentendido mas o apedrejamento significa que é penalidade da Lei Islâmica e que o motivo é o suposto adultério, essa lei não é mutável e o Iran não serve de exemplo para nada. Ainda mais patético e até meio sobrenatural é que o falecido marido nunca se queixou do suposto adultério, é o próprio estado que se arvora no direito de tirar a vidas de suas mães e filhas caso suspeite que foram adúlteras

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Olá leitor!
Comentários são sempre muito bem-vindos.
Obrigada por interagir.
Daniele El Seoudi.

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