Um assunto que tem estado presente na mídia nos últimos dias diz respeito às sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU ao Irã, nesta última quarta-feira dia 09.06.2010.
Este assunto está tão ligado ao conflito entre Palestinos e Israelenses quanto a própria ocupação ilegal deste último.
Para Israel qualquer sanção que tenha o objetivo de imobilizar e prejudicar seus inimigos é bem-vinda, e tendo os Estados Unidos como aliado isso fica fácil. Conforme post escrito anteriormente a ONU, que de humanitária e imparcial não tem nada, conseguiu aprovar diversas sanções contra o Irã (inimigo declarado de Israel), a qualquer custo, até mesmo contra as próprias regras estabelecidas em seus normativos, conforme menciona o Ministro das Relações Exteriores do Brasil. O ministro Celso Amorim diz que na reunião cabia um debate antes da votação, no entanto a cúpula já queria entrar direto na votação. Celso Amorim declarou que:
"os países que votaram a favor da resolução podem ter sofrido pressão dos cinco integrantes permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Rússia e China). 'Há nações que são mais frágeis. No passado, havia coisas que nós também não podíamos dizer porque dependíamos do Fundo Monetário Internacional (FMI)'."¹
Detalhe: O FMI para quem não sabe é um órgão ligado à ONU! Dentre os seus membros permanentes, o único que possui poder de veto é os Estados Unidos!
As sanções impostas ao Irã visam prejudicar a economia do país, além de permitir uma fiscalização mais acirrada sobre o enriquecimento de urânio. A resolução instituída permite, mas não exige, que navios e aviões que passem pelo Irã sejam inspecionados, exceto navios que trafeguem por mar, contrariando a vontade dos Estados Unidos. Em resumo, o objetivo maior das sanções é convencer o Irã a desistir de seu programa nuclear. Como isso não vai acontecer muita água ainda vai passar por debaixo desse rio.
Obviamente que o Presidente do Irã Mahmud Ahmadinejad não aprovou as sanções e foi além dizendo que estas não passam de "papel sem valor". Ahmadinejad acusou os Estados Unidos de proteger Israel (o que é óbvio), e segundo suas palavras Israel é um país condenado. Além disso fez os seguintes comentários:
"Está claro que os Estados Unidos não são contra as bombas atômicas porque tem na região um regime sionista com bombas atômicas. (...) Os Estados Unidos estão tentando salvar o regime sionista, mas o regime sionista não sobreviverá. Está condenado".²
No Brasil, o Presidente Lula fez o seguinte comentário:
"Lamentavelmente, desta vez, quem queria negociar era o Irã e quem não queria negociar eram aqueles que acham que a força resolve tudo. Acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o Programa Nuclear Iraniano e ao mesmo tempo discutir com mais profundidade a desativação dos países que tem bombas nucleares".³ (grifo meu).
E por falar em bombas nucleares, vamos aos números:
- Estados Unidos: O país desenvolveu 66,5 mil armas nucleares de 100 tipos diferentes desde 1945, mas só 5.113 ogivas de 15 tipos permanecem no estoque do Departamento de Defesa. Segundo o relatório dos cientistas atômicos, o país deixou de produzir armas em 1992, mas ogivas já existentes continuam sendo modificadas.
- Rússia: Segundo o relatório dos cientistas atômicos de 2009, o país tem 4.830 ogivas em seu arsenal operacional. O governo tem diminuído seu arsenal nuclear para cumprir o Tratado de Moscou, que define um limite máximo de 2.200 ogivas tanto para os Estados Unidos como para aRússia até 2012.
- China: De acordo com estimativas do Pentágono, a China tem aumentado sua produção de armas nucleares em 25% desde 2005 e tem “o programa de mísseis balísticos mais ativo do mundo”. Dados de 2008 mostram que o país tinha um estoque de 240 ogivas.
- França: Os últimos presidentes franceses já haviam anunciado planos de diminuir o arsenal do país, embora a modernização das armas continue. Estimativas de 2008 apontam para cerca de 300 ogivas.
- Reino Unido: Dados de 2005 apontam para menos de 200 ogivas de apenas um tipo. Desde 1958, quando assinaram um acordo de uso de energia atômica para fins de defesa, os programas nucleares do Reino Unido e dos Estados Unidos caminham juntos. Ainda hoje há sistemas americanos de armas sediados em solo britânico.
- Paquistão: O arsenal estimado do país em 2009 é de 70 a 90 armas nucleares. Em 1999, a agência de inteligência americana estimou de 25 a 35 ogivas no país. Segundo o boletim dos cientistas atômicos, embora o arsenal paquistanês esteja aumentando, não é provável que eles tenham atingido as 100 ogivas ainda.
- Índia: A estimativa é de que o país possua aproximadamente 70 ogivas nucleares em preparação – dessas, 50 já podem ser usadas. Os dados são de 2008 e, segundo os cientistas atômicos, a previsão é de que o arsenal aumente nos próximos anos.
- Israel: O país não afirma nem nega que tenha armas nucleares, mas a agência de inteligência do Exercíto americano concluiu em 1999 que os israelenses construíram entre 60 e 80 ogivas. Até 2006, Israel produziu material suficiente para compor entre 155 e 190 ogivas.
- Coreia do Norte: Sabe-se que o reator que existe no país começou a funcionar em 1986. Especialisas independentes estimam que os norte-coreanos teriam capacidade para construir entre 5 e 15 armas. Não se sabe se Pyongyang fez armas com sua tecnologia nuclear ou se construiu um arsenal capaz de ser acoplado a um míssil.
Bem, conforme visto a discussão sobre o programa nuclear do Irã e as sanções estabelecidas não se resumem em apenas estratégias de segurança e 'cuidado' da ONU para o mundo. Se isso fosse verdade, todos os países que possuem e ainda fabricam armas nucleares deveriam paralisar suas atividades. Na verdade, o que existe são interesses mais profundos que residem na proteção ao dito estado de Israel, na busca pelo domínio do oriente médio, entre outros interesses político-econômicos.
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Daniele El Seoudi.