Você já se perguntou por que é que Estados Unidos se envolve tanto nos assuntos do Oriente Médio? Será que a preocupação americana com a questão humanitária aflora a cada levante árabe (ainda mais agora com tantas revoluções) e transcende em generosidade?
Com a atuação tão generosa na Líbia, sem nos esquecermos, é claro, de sua imensa preocupação com o Egito na ocasião da revolução (que ainda não acabou), Estados Unidos quer também levar seus préstimos ao Yemen, parceiro de longos anos.
O presidente do Yemen, Ali Abdullah Saleh, sempre teve o APOIO (fornecimento de armas) dos Estados Unidos porque era considerado um ALIADO (permissão ao exército americano e CIA para atacar Al Qaeda) na luta contra o terrorismo. Mas agora que as coisas tomaram novos rumos, a posição norte-americana mudou, leia-se: “Sr. Ali Abdullah Saleh, você não nos serve mais!”
Porque, líder que é líder, presidente que é presidente, tem que saber seguir as “orientações” norte-americanas. Assim como ao Presidente do Egito, os Estados Unidos sugeriu inúmeras vezes que o Presidente do Yemen transferisse o poder. Não que o espírito democrático tenha falado mais alto, é que sustentar uma falsa democracia pode durar muito mais tempo que uma ditadura declarada/permanente.
Essa novela eu já vi! Cena: revolução no Egito; personagens: Hillary Clinton e Hosni Mubarak; diálogo, quer dizer, monólogo: “queremos uma transição ordenada para um governo democrático”. Mubarak apesar de ser um grande ator era só o figurante nesta cena.
No Yemen, discute-se a possibilidade do presidente entregar o poder a um Governo provisório liderado por seu vice. Estuda-se também a possibilidade de Saleh e sua família seguirem para outro país. Arábia Saudita?
Arábia Saudita, isso sim é que é lugar! Porto seguro, refúgio dos presidentes árabes depostos, amigo dos Estados Unidos nas horas vagas e nas horas ocupadas também.
Na Arábia Saudita, não cabe revolução, não dá, não pode! No país de Meca, protestos são proibidos. Pra quê protestar! Arábia Saudita é o maior produtor petrolífero do mundo. Um país com cara árabe e que veste ocidente, tal qual Kuwait, Qatar, Bahrein, também grandes produtores de petróleo.
A propósito, o rei saudita acusou o Irã de interferir nos assuntos dos países árabes do Golfo em reação a uma declaração iraniana que criticava o reino por "brincar com o fogo" com o envio de tropas ao Bahrein. Grupos de oposição no Bahrein também realizaram protestos contra o governo e, claro, foram reprimidos. Em sua ajuda ao império de Bahrein, o rei saudita enviou tropas para auxiliá-lo no controle das manifestações. Então, não, no Bahrein também não pode! Revolução é coisa pra Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Yemen... no Bahrein não.
Pois bem, o entendimento é o seguinte: Arábia Saudita que interfere no Bahrein critica Irã por interferir nos países árabes do Golfo, amigos dos Estados Unidos que interferiu na Líbia e agora quer interferir no Yemen.
Entendeu?
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Daniele El Seoudi.