quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Após a queda de Mubarak a luta continua no Egito

Mohamed Hussein Tantawi e Robert Gates
Fonte: Wikipédia

Os egípcios venceram uma grande batalha com a queda de Hosni Mubarak, no entanto a guerra ainda não acabou. Suspender a constituição e dissolver o parlamento não é dez por cento das reivindicações feitas pela sociedade. Aproveito para apresentar algumas delas:

  • o fim imediato do estado de emergência;
  • libertação imediata de todos os prisioneiros políticos;
  • criação de um conselho interino coletivo de governo;
  • formação de um governo de transição que inclua todas as tendências nacionalistas independentes para organização e supervisão de eleições livres e limpas;
  • formação de um grupo de trabalho para redigir proposta de nova constituição democrática, a ser legitimada por referendum;
  • fim de todas as restrições à constituição de partidos políticos;
  • liberdade de imprensa;
  • liberdade para formar sindicatos e organizações não governamentais, sem terem de ser aprovados pelo governo; e,
  • abolição de todas as cortes militares.

A vitória com a renúncia de Mubarak de fato encheu de orgulho o povo egípcio. Estão sendo vistos pelo mundo como exemplo de luta e de coragem. Entretanto, é preciso ter calma e cautela. Dissolver trinta anos, ou mais, de um sistema corrupto, que ainda dá provas de estar impregnado em todos os cantos do país, não está sendo fácil.
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Mubarak saiu, mas a comissão criada por ele mesmo, que inclui o primeiro-ministro Ahmed Shafiq, para realizar a tal “transição pacífica e ordeira à democracia” ainda permanece. Além disso, o líder do golpe militar, ex-Ministro da Defesa e que Preside interinamente o Egito, Mohammed Hussein Tantawi (75 anos) era, diga-se de passagem, fiel escudeiro de Mubarak (tendo sido, inclusive, considerado carinhosamente como “poodle” do Mubarak, em documento publicado pelo wikilieaks) e grande amigo de Robert Gates (atual Secretário de Defesa dos Estados Unidos). Com esta visão, o governo de Obama juntamente com seus interesses e conveniências poderia dizer: “entre mortos e feridos salvaram-se todos?”
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Analisando a situação por esse prisma fica difícil crer que todas as reivindicações feitas serão atendidas prontamente. É difícil haver confiança em pessoas que estiveram tão diretamente ligadas ao Governo de Mubarak, fazendo parte e sustentando o sistema. Por isso, mais do que nunca, é preciso haver imposição. Os egípcios precisam ter vigilância e continuar impondo suas reivindicações.
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Como dissemos em outros momentos, a conquista da democracia é gradativa. Para tanto, é preciso presença, participação da sociedade, luta e voz, sendo que esta última o Egito já tem!


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Daniele El Seoudi.

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