Se o Governo egípcio descobriu, ou não, o verdadeiro responsável pelo atentado que matou cerca de 23 pessoas (tendo como alvo cristãos coptas) em Alexandria no dia 31 de Dezembro de 2010 não sabemos. O fato é que Hosni Mubarak preferiu colocar a culpa num grupo palestino. Isso para não admitir ou publicar que dentro do Egito existe um problema sério com a tolerância religiosa. Fazendo isso (contando essa mentira) o Presidente egípcio divide a opinião pública a respeito dos palestinos, se livra das críticas internacionais sobre a sua total (ou proposital) incompetência sobre as questões religiosas internas, sem falar dos direitos humanos, e de sobra consegue uma carta na manga para futuramente dizer que não pode abrir a fronteira em Gaza porque lá existem terroristas, já que se mostrou um fiel cordeiro de Israel.
Aproximadamente 10% da população egípcia é cristã. Apesar de conviverem relativamente bem (cristãos e muçulmanos) verificam-se acontecimentos isolados, porém não escassos de violência, perseguição e descriminação.
Sobre o atentado, um porta-voz do grupo palestino acusado pelo ataque negou a participação, desmentiu ter "qualquer relação, de perto ou de longe" e acusou os serviços secretos israelenses. "Nossos exércitos se dirigem diretamente contra o inimigo sionista e o campo da batalha com este inimigo está no interior da Palestina", disse à AFP o porta-voz, Fawzi Barhum.
Claro! O que iriam fazer palestinos em Alexandria contra cristãos coptas? Que novidade é essa agora? Só mesmo sendo um tirano como o Presidente egípcio para inventar uma fábula dessas.
E para sorri ainda mais (ou chorar), Mubarak, em seu discurso sobre o caso, afirmou: "o terrorismo não faz parte da nossa sociedade e tem a marca do exterior". Ele é muito gozado mesmo!
A rede de notícias AFP publicou os acontecimentos dos últimos 30 anos:
- 17 de junho de 1981: 14 mortos e 50 feridos em confrontos que, segundo a versão oficial da época, foram desencadeados por uma simples briga de vizinhos. Segundo testemunhas, o conflito envolvia uma parte do terreno onde devia ser construída uma igreja e que integristas islâmicos ocuparam para erguer uma mesquita.
- 4 de maio de 1992: 14 mortos (13 coptas e um muçulmano) em enfrentamentos em Manchiet Nasser (Alto Egito), provocados pela morte, em março, de um muçulmano, por causa de um conflito provocado pela compra de uma casa.
- 12 de fevereiro de 1997: atentado contra uma igreja de Abu Qurqas (Alto Egito) causa a morte de nove coptas.
- 3 de janeiro de 2000: 20 cristãos do Egito morrem no povoado de Al Kocheh (Alto Egito) nos mais violentos confrontos entre muçulmanos e cristãos registrados no país em 20 anos.
- 14 de abril de 2006: um operário muçulmano (apresentado pelas autoridades como um desequilibrado) ataca três igrejas de Alexandria e mata um copta de 78 anos. Outra pessoa morre em confrontos entre as duas comunidades, desencadeados a partir dos ataques.
- 31 de maio de 2008: muçulmanos invadem um mosteiro em Malaui (Alto Egito), ferindo a tiros quatro coptas, três deles monges. Outros três monges são sequestrados em uma noite. Morre um dos agressores muçulmanos. Este ataque ocorre em meio a um clima de crescente tensão entre as duas comunidades em um momento em que os coptas levantam, com autorização das autoridades, um muro ao redor do antigo mosteiro de Abu Fena.
- 6 de janeiro de 2010: seis coptas e um policial morrem em Nagaa Hamadi (Alto Egito), alvo de tiros de três desconhecidos que abriram fogo contra a multidão em uma rua comercial na véspera da comemoração do Natal copta.
- 24 de novembro de 2010: dois coptas morrem em manifestações de cristãos contra a proibição de construir uma igreja em um bairro do sudoeste do Cairo.
- 1º de janeiro de 2011: 21 mortos e 79 feridos em um atentado na saída de uma igreha copta de Alexandria, depois da missa de Ano Novo. O atentado não foi reivindicado, mas o governo o atribuiu a um camicase, comandado do exterior.
http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=11350&Itemid=176&thanks=13
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